Manutenção da taxa Selic em 15% impacta o setor imobiliário
A taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, influencia as taxas de juros de empréstimos, de financiamentos e aplicações financeiras. Um dia após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de manter a taxa em 15% a.a, a reflexão é sobre os impactos no mercado imobiliário com juros ainda tão altos.
Raphael Mançur, advogado especialista em Direito Imobiliário e Direito Processual Civil, explica que a principal consequência da manutenção da Selic em patamar elevado é o encarecimento do crédito imobiliário. Segundo ele, as instituições financeiras têm exigido valores de entrada maiores e critérios mais rigorosos para comprovação de renda nos financiamentos.
” Os financiamentos imobiliários ficam mais difíceis de serem obtidos, uma vez que as instituições financeiras passam a exigir um valor de entrada maior, além de tornarem mais criteriosa a comprovação de renda para concessão do financiamento.”, explica Mançur. Ele cita que essa realidade tem desestimulado especialmente famílias de classe média, reduzindo o ritmo das vendas e exercendo pressão sobre os preços dos imóveis.
O advogado destaca um movimento que já está sendo observado no mercado que é o aquecimento das locações. “Com menos gente conseguindo financiar, aumenta a procura por imóveis para locação, o que já está elevando os valores em algumas regiões”, explica. Ele cita a “lei da oferta e da procura”.
Espaço Publicitáriocnseg
Investidores
Para investidores, porém, essa mudança representa uma oportunidade. Uma vez que os imóveis voltados para renda passiva tendem a se valorizar no médio prazo, oferecendo uma alternativa atrativa em um cenário de juros elevados.
Crises passadas não devem ser comparadas ao cenário atual. “Diferente de 2015 e 2016, quando o mercado imobiliário no Brasil sofreu com a alta taxa Selic levando a uma retração nas transações, hoje vemos um setor mais dinâmico”, analisa o especialista. “A demanda por moradia continua alta, o déficit habitacional é grande e programas como o Minha Casa Minha Vida mantêm o segmento popular aquecido, já que oferecem taxas menores e subsídios que protegem essa faixa da população do impacto da Selic”, explica.
Na opinião dele, os imóveis na planta com condições flexíveis oferecidas pelas incorporadoras e um mercado em processo de ajuste podem representar boas negociações para quem possui recursos disponíveis. “Para quem procura ativos reais pode encontrar boas negociações e oportunidades. O setor imobiliário segue aquecido, mas com compradores mais cautelosos”, avisa.
Para aqueles que dependem de financiamento, o planejamento financeiro torna-se ainda mais crucial. As recomendações incluem ter um valor de entrada maior, utilizar recursos do FGTS quando disponível e considerar estratégias de amortização futura. “Mesmo com a Selic em
15%, o mercado não estagnou, segue mudando e quem tiver estratégia e principalmente reserva de recursos pode conseguir boas oportunidades de investimento”, conclui.
Fonte: Monitor Mercantil
Data da publicação: 19/09/2025